EUA dão 72 horas para embaixador da África do Sul, acusado de 'odiar os EUA e Trump', abandonar o país
15/03/2025
(Foto: Reprodução) Relações entre os dois países passa por crise desde fevereiro. Secretário de Estado, Maro Rubio, afirma que o embaixador Ebrahim Rasool acusou Trump de liderar movimento de supremacia branca. O embaixador da África do Sul, Ebrahim Rasool, ao lado do então presidente Joe Biden, em 13 de janeiro de 2025
Embaixada da África do Sul em Washington
O governo dos Estados Unidos estabeleceu um prazo de 72 horas para que o embaixador sul-africano em Washington, Ebrahim Rasool, deixe o país após ser declarado "persona non grata" pelo chefe da diplomacia americana nesta sexta-feira (14).
A informação foi divulgada por um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da África do Sul.
"O Departamento de Estado o informou ontem que ele tinha 72 horas para sair do país", declarou Chrispin Phiri em um breve comunicado, confirmando as informações da imprensa sul-africana.
"O embaixador Rasool estava prestes a se reunir com autoridades estratégicas na Casa Branca. Este fato lamentável anula avanços significativos", lamentou Phiri, após semanas de polêmicas e preocupações sobre o futuro de Pretória dentro do acordo comercial AGOA, que permite exportar alguns produtos sem tarifas para os Estados Unidos.
Ao anunciar a expulsão do embaixador sul-africano, o secretário de Estado, Marco Rubio, compartilhou um texto do site Breitbart, conhecido por seu alinhamento com o governo Trump.
A reportagem cita que o embaixador da África do Sul afirmou que o presidente dos Estados Unidos está liderando um movimento de supremacia branca.
Ainda em uma publicação na rede social X, Rubio acusou o embaixador sul-africano de ser um "político racista que odeia os Estados Unidos e Donald Trump" e que ele "explora questões raciais".
"O embaixador da África do Sul nos Estados Unidos não é mais bem-vindo no nosso grande país", escreveu Rubio. "Não temos nada a discutir com ele e, por isso, ele é considerado PERSONA NON GRATA."
A África do Sul está particularmente no alvo de Washington desde o retorno de Trump, que acusa o país de tratar de forma "injusta" os descendentes de colonos europeus e o ataca por sua denúncia de genocídio contra Israel na Corte Internacional de Justiça.
A presidência sul-africana chamou a expulsão de "lamentável" e o ministro das Relações Exteriores descreveu como "sem precedentes" em uma entrevista ao canal de notícias da televisão pública SABC.
"No âmbito das relações diplomáticas normais, deveria ter sido feita uma aproximação do embaixador para que explicasse seus comentários", destacou.
Entenda mais
A crise nas relações entre os Estados Unidos e a África do Sul se acentuou no início de fevereiro, quando Trump resolveu cortar a assistência financeira ao país.
À época, o presidente americano afirmou que o governo sul-africano estava discriminando brancos ao desapropriar terras para cumprir uma lei que determinou uma reforma agrária no país.
A lei sul-africana pretende corrigir o desequilíbrio entre propriedades no país. Atualmente, dados apontam que os brancos possuem três quartos das terras agrícolas de propriedade plena da África do Sul. Por outro lado, os negros dominam apenas 4% dessas áreas, mesmo sendo 80% da população.
O bilionário Elon Musk, nascido na África do Sul e próximo de Trump, declarou que os sul-africanos brancos têm sido vítimas de "leis racistas de propriedade".
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